Em seu novo documentário, a cineasta aponta o dedo para um projeto de poder que mistura fé e influência. Mais ainda, propõe uma interrogação gigante: até que ponto a democracia pode suportar o discurso teocrático?
A narrativa do filme tem início em 2016, com evangélicos ligados ao então deputado Cabo Daciolo ungindo as mesas da Câmara antes do impeachment de Dilma Rousseff. Petra Costa usa essa cena como ponto de partida para mostrar como a teologia do domínio prospera em palácios de governança. A ideia central é clara: há uma corrente que defende a ocupação de todos os espaços de poder: Executivo, Legislativo e Judiciário.
O documentário dá voz a figuras como o presidente Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o líder neopentecostal Silas Malafaia, que aparece não só como fonte política, mas como ícone do discurso de prosperidade usado para cultivar autoridade religiosa e influência governamental.
“Apocalipse nos Trópicos” é menos documentário sobre religião e mais raio-X do poder evangélico no Brasil contemporâneo. Afinal, certo tipo de movimentação parece colocar a Democracia na corda bamba. Quando igrejas articulam planos partidários, a separação Igreja–Estado não é só princípio, vira urgência.
O longa estreou nos cinemas do Rio e de São Paulo e chega à Netflix em 14 de julho. Imperdível. (SP)