Enquanto cultos seguem alimentando sua aura eleitoral, Michelle Bolsonaro está empenhada em construir um portfólio de marcas. Segundo apuração da coluna de Tácio Lorran no Metrópoles, ela protocolou 89 pedidos de registro no INPI. De armas a roupas íntimas, sob nomes que vão de MB Cosméticos e Bolsonaro Mito até Bolsomito, além de seu próprio nome.
Entre os registros, produtos inusitados como armas de fogo (?), facas (!), explosivos (?), cigarros (?), perfumes, calcinhas (!), café, energia elétrica e até água mineral e adubos agrícolas. Piadas prontas até o arrebatamento.
Transformar nomes e sobrenomes em marcas de uso privado é uma forma contemporânea de converter prestígio em dinheiro. Fãs cometem loucuras (inclusive nas urnas), mas imaginar alguém fumando cigarros Bolsomito e, pior, usando “facas do capitão” parece loucura. Se bem que não faltam demonstrações de afronésia entre os fiéis bolsonaristas.
Registro é proteção legal. Mas quando envolve até roupa íntima, a linha entre legado e exploração comercial fica tênue. De certa forma, essa iniciativa da evangélica Michelle ilustra bem esse período estranho em que a fé parece estar se tornando um aditivo do mercado consumidor. Em vez de propostas para o povo, artigos nas prateleiras.
Se quiser lançar algo vintage, um talão de cheques faria sucesso. Do Banco Mamom, tá ok? (SP)
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