Num campeonato curioso que combina devoção à bola e a Deus, pesquisa O Globo/Ipsos-Ipec revelou que a torcida do Palmeiras tem 56% de católicos, à frente de Flamengo (49%) e Vasco (52%). Já nas arquibancadas com barulho evangélico, Corinthians e São Paulo empatam na liderança, com 34% da torcida gospel cada um, seguidos de perto pelo Flamengo com 33%.
Dinheiro na mão
Muita gente ainda apregoa que futebol e religião não discute. Aqui, não só discutimos como descobrimos pontos em comum. No caso, o investimento financeiro. Segundo levantamento da Serasa em parceria com o Opinion Box, 61% dos brasileiros afirmam gastar com produtos e serviços relacionados ao futebol. Divulgada em junho/25, a pesquisa mostrou que 45% gastam até R$100 por mês com futebol, o que representa até 5% da renda mensal de 65% desses consumidores.
Tudo (não) entregarei
Estudo amplo da Fundação Getúlio Vargas (2007) revelou como o envolvimento financeiro da população varia conforme a crença. Católicos respondem por 30,9% da arrecadação total das igrejas. Em média, as famílias doam 0,54% da renda. Evangélicos pentecostais são os que mais contribuem com suas igrejas, doando 2,26% da renda familiar. Já os evangélicos tradicionais são responsáveis por 22,7% das ofertas, contribuindo com 1,48% da renda familiar. Juntos, evangélicos pentecostais e tradicionais doam 66,7% da arrecadação das igrejas no país.
Tigrinho em campo, gafanhoto no bolso
Remetendo ao dialeto pastoral, um perigo ronda as finanças de torcedores de quaisquer crenças: o gafanhoto das bets. Pesquisa PoderData divulgada no final de 2024 surpreendeu ao apontar que 23% dos evangélicos admitem já ter apostado, contra 19% dos católicos. O dado mais inquietante está na frequência: 20% dos evangélicos que jogam nas bets apostam todos os dias, superando a média de 14% dos católicos.
No amálgama de paixões, uma combinação tem sido letal para o bolso. Todos os clubes do Brasileirão 2025 são patrocinados por bets, sob a leniência de uma mídia igualmente irrigada por casas de aposta on-line. É preciso ação rápida no parlamento e nos púlpitos, antes que o Leão da Tribo de Judá seja substituído pelo tigrinho. Um dá vida em abundância e o outro aniquila bolsos e famílias. Quem tem ouvidos, ouça. (SP)
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