A serenidade que se espera de um culto se desfaz em atos de violência que desfiguram o que deveria ser sagrado. Relatório da Family Research Council mostra que houve 1.384 incidentes hostis contra igrejas nos EUA, de vandalismo a ataques armados, entre janeiro de 2018 e dezembro de 2024. O ápice foi em 2023: 485 ocorrências, caindo levemente para 415 em 2024, com 383 templos atingidos em 43 estados.
As principais tragédias incluem o atentado na Igreja Católica da Anunciação, em Minneapolis (2025), com duas crianças mortas durante a missa escolar, e outros tiroteios em templos batistas, metodistas e escolas ligadas a igrejas, de 2022 a 2025.
Como resposta, muitas igrejas adotaram protocolos de segurança: equipes voluntárias, portas trancadas durante horários vulneráveis e proximidade maior com a polícia local. A ideia é clara: estar preparado, sem perder a natureza acolhedora do templo.
O templo deveria ser refúgio, não cenário de guerra. Mas as estatísticas apontam: fé virou alvo, oração virou escudo. Impossível não relacionar o crescimento da violência ao maior número estimado de armas per capita do mundo: 120,5 armas para cada 100 norte-americanos.
Com mais de 390 milhões de armas em circulação, o risco de violência instalou-se dentro de ambientes outrora considerados sagrados. Onde antes se celebrava a paz, agora se redige plano de segurança. Como cultuar o Príncipe da Paz sob protocolos com rigidez crescente?
Tristes tempos. Em uma nação na qual 35% a 42% das famílias possuem ao menos uma arma, a religião tem sido usada para apoiar genocídios e expulsar migrantes. Cristianismo sem Cristo. God bless America. (SP)
foto: SETH HERALD/Getty Images via AFP