Por Sérgio Dusilek
Lula alcança sua melhor avaliação. O otimismo toma conta do governo dando por certo a reeleição. Os índices socioeconômicos melhoram substancialmente. A disputa de narrativa, notadamente nas pautas em defesa do trabalhadores, fortaleceu a esquerda e enfureceu a elite nacional, que procura com lupa alguém que possa fazer frente a Lula IV.
Eis que ressurge das cinzas o Gaguinho. E justamente no ponto de toque que o professor João Cezar De Castro Rocha vem alertando para a tendência de aumento na importância no debate político nacional. Falo do tema da segurança pública.
A chacina de ontem, cujos corpos deitados lembram a de Vigário Geral na década de 90, é o balão de ensaio da elite nacional para 2026. Gaguinho, por razões óbvias, é só o Cavalo de Tróia*. Mais de 130 vidas foram sacrificadas a Moloque para validação de um experimento.
A elite nacional bukelizará o debate público a partir de agora. É o único ponto de abrangência e toque no qual o Governo Lula, mesmo não sendo responsável pela Segurança Pública nos estados, consegue ser culpabilizado e tracionado para baixo na sua avaliação.
Agora mesmo há um movimento de sedição patrocinado por governadores da extrema-direita que enseja o envio de PM’s dos estados para “socorrer” o Rio. Uma espécie de revolta bukelinstitucionalista.
Por fora, há uma outra corrida. A entrega da Nação aos interesses estadunidenses. Se o cavalo de tróia falhar, a elite já prepara o plano B: entregar o país para os EUA. Ela sempre enriqueceu sendo colônia, mediando o saque das riquezas nacionais pelos países imperialistas.
As ações para tanto já tiveram início. Desde o projeto sob tutela da excrescência do Coronel Zucco para qualificar as quadrilhas como terroristas, ao envio de documentos para os EUA com o mesmo objetivo, feito pelo Governador do Rio.
O Governo Lula foi colocado nas cordas. As pesquisas estão sendo feitas. Se a aposta da elite estiver correta, assistiremos uma escalada das chacinas. Afinal, para os fascistas hodiernos adeptos da eugenia social, entregar corpos pretos em sacrifício a Moloque não é errado; faz parte do propósito.
Impressiona a quantidade de gente que apoiou a chacina. Muitos se dizem evangélicos e que já foram vítimas da violência. Há uma raiva, um ódio incruado no povo, especialmente o carioca. Justamente a extrema-direita é que melhor operacionaliza, instrumentaliza esse ódio.
Definitivamente o Brasil não é do Senhor Jesus. E nunca será. E pode não mais ser governado pelo PT. Ou alguém ainda tem dúvidas de que, uma vez o Bukele tupiniquim instalado, os movimentos sociais, o PT e as esquerdas, serão trancafiados sob a acusação de terrorismo?
*Ao que tudo indica Eduardo Paes será esse nome. Já cumpriu o rito: foi a El Salvador conhecer in loco o trabalhonde Bukele. Além disso, seu pragmatismo é inversamente proporcional à sua (eventual) compaixão. Se a aposta de 2030 será antecipada para 2026, isso dependerá do sucesso eleitoreiro das iniciativas (o massacre não ficará no singular) tresloucada do cavalo de tróia. Por isso é um equívoco a aliança do PT com Paes no Rio. Paes é a “mão que balança o berço”.
foto: Eduardo Anizelli/Folhapress