No tabuleiro estratégico onde política e fé se cruzam, Janja da Silva deve fazer uma jogada ousada. A primeira-dama pretende liderar encontros com mulheres evangélicas, começando pelo Rio de Janeiro. O objetivo? Arrefecer a rejeição ao governo em um dos segmentos mais resistentes, no qual Lula amarga cerca de 61% de desaprovação.
O primeiro encontro foi na Igreja Batista de São Cristóvão (RJ), com a presença da ministra Anielle Franco, que reforçou o carimbo social na pauta: combate à fome e igualdade racial.
Segundo aliados, a ideia é reproduzir esse formato em Pernambuco, Minas e um estado do Norte, recebendo relatos, mostrando ações e abrindo espaço para diálogo, num esforço para construir pontes onde Lula ainda hesita.
Em um terreno no qual Michelle Bolsonaro deita e rola, perdão, prega e ora, Janja se aventura numa empreitada de êxito duvidoso. Afirmar que a proposta é o diálogo e levar integrantes do governo para desfilar realizações nada tem de civismo. É campanha eleitoral antecipada e disfarçada.
Enquanto Lula segue evitando qualquer aproximação com pastores anônimos ou midiáticos, Janja se une aos ministros Jorge Messias e Gleisi na Hoffmann na conquista do rebanho. A pergunta que fica: será que essa articulação pessoal vai se transformar em capital eleitoral real ou somente será meme de campanha? (SP)