Se a fé era sua fortaleza, agora tornou-se pedra no sapato da investigação. Rei dos decibéis em vídeos e púlpitos, Silas Malafaia foi incluído no inquérito que apura a tentativa de golpe contra a democracia, ao lado de Jair e Eduardo Bolsonaro e outros aliados.
Os crimes sob suspeita não são leves: coação processual, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, adornando a pujante capivara pastoral com novas implicações.
O pastor já havia organizado o ato em 3 de agosto no qual Bolsonaro apareceu em vídeo, exposição que desencadeou sua prisão domiciliar no dia seguinte. Surpreendendo zero pessoas, Malafaia rep(r)isa sua retórica tresloucada: em vídeo recente, pede impeachment do ministro Alexandre de Moraes, exigindo que ele seja julgado e preso. Chamar ministros de “ditador da toga” agrada à base bolsonarista, porém afasta as pessoas com sua sanha beligerante e estulta.
Epítome da tragédia gospel retratada em “Apocalipse nos trópicos”, o religioso emula um poder que não possui, para fiéis que finge influenciar. Remetendo à comédia de Shakespeare, muito barulho por nada. (SP)
foto: Rodrigues Pozzebom