Enquanto o presidente Lula foge dos púlpitos e se concentra nos palanques, quem entrou no altar político foi Janja da Silva. A primeira-dama tem participado de encontros com evangélicas em algumas capitais. A estratégia é clara: abrir diálogo com o segmento que resiste ao governo.
As reuniões começaram em julho, no Rio, com cerca de 100 cristãs presentes. Em Salvador, a Janja teve a companhia das ministras Margareth Menezes (Cultura), Anielle Franco (Igualdade Racial) e a primeira-dama da Bahia, Tatiana Velloso. Recém-indicada para o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (o “Conselhão), a jornalista evangélica Nilza Valéria também participou.
Durante os encontros, Janja coletou perguntas, defendeu justiça social e testemunhou nas redes: “De mãos dadas com mulheres de fé. Vamos desenvolver soluções que façam bem ao nosso povo”. Retórica conciliadora, com um toque de pregação.
Pesquisa recente do Datafolha indicou que a rejeição de Lula entre evangélicos subiu de 50% para 55% entre junho e julho. Em meio à resistência crescente, essas reuniões viram tentativa de aproximação pública. Na verdade, essa missão desafiadora tem passado por várias pessoas do governo, em especial os ministros Jorge Messias e Gleisi Hoffmann.
Com o sucesso em áreas literalmente vitais como o combate à fome, é preciso desconstruir a parasitária relação do bolsonarismo com a igreja evangélica. Parafraseando o salmista, quão bom e quão suave é que os representantes do governo estejam em união nesse mister. (SP)
foto: Claudio Kbene