Em tempos de evangelho performático e algoritmos celestiais, as festas juninas também ganharam sua versão gospel. Sim, senhoras e senhores, está oficialmente aberta a temporada da quadrilha evangélica. Nada de Santo Antônio, simpatia pra casar ou forró com quentão: agora o que embala a dança é o som da sanfona com louvor e a bênção do pastor substituindo a do padre. E o altar? É o palco. A Bíblia? Tá na mão.

A última edição do “Globo Repórter” exibiu reportagem sobre a quadrilha “Busca Fé”, que há 20 anos dança para Jesus em Brasília. Na exibição dos irmãos, o “olha a cobra!” ganha dimensão espiritual — afinal, resistir às ciladas do inimigo faz parte da coreografia do crente o ano todo.

No lugar do casamento fictício que termina em forró, temos uma cerimônia simbólica com bênçãos reais, ministradas por um pastor de verdade — paletó, microfone e Bíblia incluídos. “Essa quadrilha é pra glorificar de pé!”, gritaria alguém na plateia!

Pra quem está achando isso um pouco demais, se até o Carnaval tem bloco gospel, por que a festa junina não teria seu arraiá santo? Bem melhor que a quadrilha de alguns líderes evangélicos que de vez em quando aparece nas páginas policiais.

No mais, segue o baile (ou melhor, o culto-temático-coreografado). Porque no Brasil, até o fogo tremeluz na fogueira conforme o Espírito sopra. (SP)