Estima-se que o chamado “amor cortês” tenha surgido no século XII, período conhecido como Baixa Idade Média. Esse comportamento idealizava a pessoa amada, elevando-a a um plano quase divino. Talvez seja essa a inspiração do chamado “namoro de corte”, prática comum em muitas igrejas evangélicas.

Recentemente, o UOL entrevistou um casal adepto do movimento que vai se casar no próximo mês. Até lá, nada de beijo, nada de abraço prolongado, tudo devidamente exposto no Instagram em um perfil com nome emblemático “Relacionamento em Santidade”.

📖 O enredo

Gisele e Samuel moram em Goiânia se conheceram em 2023 na igreja Emaús. Após um período de orações, iniciaram o namoro e 3 meses depois já ficaram noivos. O rapaz explica o “perigo” desse tipo de carinho. “O beijo não foi feito para terminar no beijo”, opina. “Da mesma forma que o ferro ligado esquenta, o beijo acende algo.”

🔥 500 graus de puro fogo

O casal usa várias práticas para exercitar o autocontrole: banho gelado, exercícios, leitura bíblica e fuga estratégica na hora do perigo: “Já falei: ‘tchau, vou pra meu canto’”. “Não é a oração que muda os hormônios. É o autocontrole que evita o pecado”, explica o jovem de 27 anos.

🕊️ Fé, psicologia e papéis

Gisele, psicóloga, garante que sua profissão não se anula nessa escolha. “Trato pessoas, não conceitos. A psicologia não anula minha fé nem meu posicionamento pessoal”, afirma. E aconselha outras mulheres a escolher o mesmo processo. “Sempre digo que precisa ser algo orado, direcionado por Deus. Mas gosto muito dessa forma de viver o namoro.”

📝 Em resumo

É namoro ou reality show religioso? Pode ser os dois. No roteiro de Gi & Sam, a abstinência bem-sucedida é oferecida como troféu nas redes sociais, assemelhando-se à estratégia dos coaches. No Brasil cada vez mais evangélico, até o amor vira performance para a plateia online. Em vez de arroz, a chuva é de likes. (SP)