“Colocaram alguém para me seguir, me filmar, me fotografar… covardemente. Eu fui julgado e punido sem me deixarem falar.”
“Pela lei qualquer divulgação na internet dá cassação, dá danos morais e um monte de processo, uma montoeira de coisa.”
“Apenas dei uma carona para uma serva de Deus.”
Essas foram algumas das frases proferidas pelo Apóstolo Ailton Novaes no culto de ontem (29/6) na Catedral Imagem e Semelhança, em Joinville (SC).
Ao dizer que “deu carona a uma serva”, foi interrompido por uma fiel: “São amantes há três anos”. Para completar o furdunço gospel, acusaram-no de usar recursos da igreja para comprar um carro para a amante. Chamada para conter os ânimos, a PM compareceu ao local e o culto terminou, como todos podem imaginar, sem a impetração da bênção apostólica.
Na manhã de hoje (30), Ailton mudou o discurso e confessou seu pecado: “Eu adulterei, cometi esse grave erro… vim para pedir perdão aos irmãos”. Ao lado dele, a esposa, bispa Cíntia, declarou que decidiu perdoá-lo: “Deus me ministrou que eu deveria perdoá-lo…” e garantiu que, apesar da decepção, nunca houve fraude, mas sim falha humana. E testemunhou sobre o cônjuge, com quem é casada há 23 anos: “Como marido, ele me decepcionou profundamente”; “como pastor, sempre foi íntegro”.
A tentativa de transformar pecado em sermão fracassou. Em vez de perdão dirigido, a igreja teve grito, polícia e desconfiança. Ficou claro: fé não compactua com adultério e a ética cristã começa por transparência, não silêncios. O uso do versículo bíblico “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” na noite de ontem assinala pecado mais grave que o adultério. Estribar-se nas Escrituras para mentir ao povo é artilharia infernal pesada demais até para um pastor que, segundo relato nas redes, tem coleção de armas de fogo em casa e já as “abençoou” na igreja.
O perfil da igreja no Instagram foi reativado, porém sem o post ameaçando quem divulgasse “imagens manipuladas com o intuito de atingir a reputação do líder e da igreja”. Em casa, a solução foi ágil. Na igreja, as feridas dos últimos dias devem demorar para cicatrizar. Afinal, uma reputação custa mais caro que carro financiado. E quem vai pagar o ônus de conspurcar (ainda mais) a imagem do rebanho? (SP)