Presidente da Frente Parlamentar Evangélica, o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP) disse em entrevista à Veja:
“Lula faz um governo que, infelizmente, é muito diferente do que nós, evangélicos, pensamos.” Segundo ele, pauta de esquerda e fé evangélica são incompatíveis e ele vê pouca chance de reconciliação disso.
Mas eis que surge o outro lado do púlpito: a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito reagiu com epístola firme rejeitando o discurso de Nascimento. Para eles, evangélicos não formam bloco homogêneo e a fala do deputado invisibiliza milhares de cristãos engajados na luta por justiça social, democracia e dignidade humana.
Dois lados da mesma dracma
✔️ Identidade plural desrespeitada: a carta denuncia que o entrevistado se equivoca ao ignorar a diversidade de pensamento no segmento e uma tradição bíblica que sempre foi profética e libertadora.
✔️ Anistia do 8 de janeiro: Nascimento defendeu anistia para os envolvidos na tentativa de golpe do 8 de janeiro. A Frente progressista vê no discurso uma tentativa de normalizar um evento golpista com alegações frágeis ou ideológicas.
✔️Bolsonaro sem mácula? Ao afirmar que “Bolsonaro não praticou nenhum crime”, o deputado ignora os inquéritos em andamento no STF, PF e MPF — e a Frente reitera que a fé não combina com revisionismo político nem blindagem institucional.
A entrevista expõe a tensão entre duas visões de fé: uma identitária e monolítica, outra plural e crítica. Enquanto o presidente da bancada gospel defende o alinhamento à direita, a Frente progressista clama por espaço para quem usa a Bíblia como ferramenta de justiça, não como contracheque de ideologia. (SP)